"É isto um homem", do italiano Primo Levi, foi a obra discutida neste mês de dezembro pelo Clube do Livro: Direito e Literatura. O livro é uma literatura de memória, que conta a história de Levi, judeu italiano que foi enviado para o campo de concentração de Auschwitz durante a ditadura fascista de Benito Mussolini, que acompanhava a Alemanha nos seus ideais nazistas. Para o servidor Gustavo Tenório, membro do Clube, a narrativa nos faz refletir os limites do deliberado processo de desumanização não só perpetrado pelos nazistas no contexto da Segunda Guerra Mundial, mas nos dias de hoje.
"Como poucos, Primo Levi consegue transportar o seu leitor para a vida num campo de concentração nazista. Sua narrativa intimista acaba proporcionando um intenso transporte de consciência para o dia a dia dos prisioneiros ", afirmou o servidor. Gustavo contou que, durante o encontro, os participantes relacionaram os aspectos mostrados na obra com a realidade atual. "Debatemos os casos das condições degradantes da maioria dos presÃdios brasileiros, em que a população encarcerada acaba vivenciando também um processo de desumanização. Isso nos fez questionar os fins e sentidos da pena no Brasil. Também fizemos uma ponte com a trágica herança histórica brasileira: a escravização de pessoas negras. Afinal de contas, o que não era o regime de escravidão no Brasil senão um sistema de desumanização e de exploração de indivÃduos em virtude de sua raça?", indagou.
A reunião aconteceu de forma virtual, por meio do Google Meet, no dia 1° de dezembro. As próximas obras a serem discutidas serão "Uma aprendizagem", de Clarice Lispector, e "Marrom e Amarelo", de Paulo Scott, fechando o terceiro ciclo do Clube. Periodicamente, são abertas vagas para magistrados e servidores participarem dos encontros, que também valem certificados de presença.
Lucas de França - Esmal TJAL
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